Emanuele Nascimento
Waneska Viana
Nós, mulheres negras, celebramos nesse 25 de julho, o 30º Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. E o que esse dia revela para nós, mulheres negras em diáspora? Um convite para rememorar o porquê temos colocado nossos corpos à disposição da construção de um mundo mais justo e igualitário.
Já são 30 anos que celebramos essa data, mas não só isso, são 30 anos que chamamos atenção para o quão desigual ainda é a nossa trajetória e como viemos construindo estratégias de resistência às tentativas de apagamento de nossa caminhada. Quando hoje falamos que “nossos passos vêm de longe” é porque outras mulheres negras irmanadas construíram essa ponte que nos une as nossas ancestrais, às suas lutas, conquistas e saberes. Se hoje temos estratégias de fortalecimento coletivo em diferentes áreas como a política, comunicação, no campo afetivo e emocional, por exemplo, é porque as nossas referências nos ensinaram e nos ensinam a não sucumbir.
É nesse movimento de não sucumbir que temos muitas irmãs negras se colocando no front, nesse ano de 2022, e assim protagonizamos um dos episódios mais importantes da nossa história: o aumento das candidaturas de mulheres negras comprometidas com o bem-viver do nosso povo. Estamos falando de mulheres que resistem cotidianamente ao racismo e as diversas discriminações que as afastam desse ambiente político. Essas mulheres representam um projeto político onde nós, mulheres negras, propomos não apenas ocupar lugares de poder, mas promover mudanças que possibilitem que a nossa caminhada, que é coletiva, alcance um novo local que seja mais equânime para todas, todos e todes. O dia não é só de Tereza de Benguela, mas de Dandara, Elza, Marielle e tantas outras que se fazem sempre presentes numa luta que é política e ancestral.